10o Dia

10o Dia : Ushuaia
15 de Maio de 2008

Nao dormi muito bem na minha primeira noite em Ushuaia. Apesar do quarto ser muito bom, é perto da recepção, e como chegam ‘pasajeros’ a toda hora o barulho me incomodou um pouco. Além de tudo, eu estava de certa forma ansioso pelo que viria hoje.

Vou cedo tomar café. Não tem média-lunas :-( apenas pão com dulce de leche ou geléia e alguns cereais. Como é estilo albergue (apesar de eu estar pagando ‘estilo’ um bom hotel), o café é meio “cada um se arruma o seu”.

Porém o atendimento é muito legal… pessoas jovens, sempre sorrindo, prontos a lhe dar uma informação.

Durante a madrugada notei uma ‘chuva’ forte, com ventos. Quando fui tomar café, pedi ao atendente se chovia. Ele falou “não, é neve, muita neve”.

Não deu nem tempo de ele terminar a frase e corri pro quarto pegar a máquina fotográfica e a filmadora. Minha primeira manhã aqui em Ushuaia e neva. Subi a rampa do hotel e cheguei na Carnival (que havia ficado na rua, pois aqui em Ushuaia não existe problema com segurança, segundo todos falam).

Eram 8:30hs da manhã quando encontro a Carnival com uns 5 cm de gelo em toda ela. Que visão linda. Claro que tiro fotos, filmo e tudo mais que tenho direito :-) e ainda estava nevando um pouco forte.

Depois mais tarde fui saber que era a primeira nevasca do ano, e uma nevasca meio forte.

Meu dia estava apenas para começar. Quando saí do hotel em direção ao “Trem do Fim do Mundo” ví toda a cidade coberta de neve. Tudo, onde você olhava, havia neve. Parei em alguns locais para tirar fotos, filmar, e principalmente admirar a paisagem.

Sugiro que você veja o vídeo de hoje (é longo :-) ) e as fotos. Descrever tudo o que eu fiz hoje daria um capítulo de um livro :-)

Basicamente andei no Trem do Fim do Mundo, ví paisagens incríveis, lindas, maravilhosas. Depois, correndo, voltei para a cidade e fui embarcar no Passeio pelo Canal de Beagle. Visitamos a Isla de Los Lobos, a Isla dos Passaros, o Farol e fizemos um pequeno tracking numa ilha onde era frio pra caramba.

Hoje ví neve pelo resto da minha vida :-) Ví coisas que jamais havia pensado que iria ver. No meu coração só há gratidão por tudo o que ví até hoje. 10 dias fora de casa, a saudades da esposa e dos filhos é muito grande. Minha vontade é voltar correndo para eles. Ter uma família é algo maravilhoso, é um lugar de refúgio, seguro, é um abrigo. Minha família é tudo isso e muito mais (ok, você pode estar achando esse papo muito sentimental, mas é isso que eu sinto :-) )

Depois do passeio pelo Canal Beagle, que foi maravilhoso, aproveitei caminhar pela cidade para comprar mais algumas lembranças para o pessoal. Aqui há muuuitas lojas de ‘recuerdos’, porém achei os preços meio caros. Mas vir para Ushuaia e não levar ‘lembrancinhas’ seria o cúmulo :-)

Volto para o hotel cansado, mas feliz e realizado. Tomo um banho e peço indicação de um bom restaurando. Janto muito bem e volto ao hotel. Amanhã minha previsão é passear no Glaciar Martial e conhecer o Cerro Castor. Penso que sábado pelo meio-dia vou embora rumo a Punta Arenas, no Chile.

Vamos ver o que me espera amanhã :-)

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9o Dia

9o Dia : Rio Grande -> Ushuaia
14 de Maio de 2008

Acordei um pouco mais tarde, havia conseguido dormir melhor apesar de tudo.

De manhã cedo, prevendo que pegaria muito frio até Ushuaia, me preparei melhor. Coloquei um ‘pijama’ por baixo da calça, 2 meias, minha bota impermeável de motociclista, mais uma blusa, enfim, estava pronto para o frio :-)

O café me surpreendeu positivamente : tinha média-lunas heheheh como para mim basta isso e um bom café com leite, achei bom.

Saí lá fora e encontrei o carro coberto de gelo. Mas gelo mesmo, uma camada fina, mas para mim que nunca tinha visto isso, foi bem interessante.

Eram cerca de 8:30hs quando saí rumo à Ushuaia. Havia uns 6 ou 7 anos que eu pensava em conhecer essa cidade. Animado com a indicação de que veria belas paisagens, fui sem pressa, pois afinal faltavam apenas 230 Km.

Na saída da cidade ‘me perdi’ e pedi informação para um caminhoneiro. Depois de me dar as informações necessárias, ele me advertiu quanto a dirigir no gelo (na cordilheira). Mas eu nunca imaginei que iria pegar gelo nessa época, mas ele me garantiu que sim.

Quando comecei a entrar na parte mais fria da viagem, gelo na pista. Fiz um pequeno teste : pés nos freios. O freio nem funcionava porque o ABS ficava travando e liberando as rodas… caramba. Reduzi para 60-80 Km/h e continuei. Com o tempo fui pegando experiência : nada de freadas bruscas, nada de mudar bruscamente de direcao, enfim, cautela e caldo de galinha :-)

Eram 9:40hs da manhã quando, ao longe, avistei pela primeira vez na vida, ao vivo, a Cordilheira dos Andes. Me emocionei, aqueles montes cobertos de neve… uma visão quase indescritível para mim. Claro que parei, fotografei, filmei e admirei aquela bela paisagem. Mas eu ainda estava longe, muito longe. Como eu tinha tempo, não tive pressa. Onde aparecia algo ‘belo’ aos meus olhos, parava para fotografar e filmar (veja as fotos e o vídeo de hoje).

O frio começava a ficar mais frio :-) eram 10:00hs e o termômetro marcava -7 graus. Imagine um ‘pato-branquela’ num frio daqueles hehehhe Vale lembrar que foi ‘baixando’ devagarinho. Nas fotos de hoje tem a hora e logo depois a temperatura. Isso dá uma noção melhor de como a temperatura foi baixando.

Desse momento em diante, as paisagens começaram a ficar ainda mais bonitas… e eu ainda mais boqui-aberto. Para mim aquilo tudo era novidade, e mais ainda, era a realização de um sonho. E gelo por toda parte, neve. Me diverti muito !

Pouco antes de chegar em Ushuaia alguns lagos (depois fui descobrir que eram o lago Fagnano e o Escondido) e muitas montanhas, belíssimas paisagens.

Quem vem para Ushuaia de avião, normalmente pega uma ‘Van’ para conhecer esses lagos. A viagem demora algumas horas porque é necessário sair uns 70-80 Km de Uhsuaia. Como eu estava indo de carro, conheci eles na ida.

A uns 50Km de Ushuaia somente neve. Eu já imaginava o que me esperava. As montanhas com os picos cobertos de neve, os locais onde o sol não pegava, tudo com gelo. Aluns locais para você parar e apreciar a paisagem.

E na Cordilheira dos Andes, muita curva, muita mesmo. Com gelo na pista, tinha que andar devagar e com muito cuidado.

Depois de fazer 5.773 Km, contando os passeios nas cidades, a volta na Península Valdez; dirigir por volta de 68:45hs horas, cheguei a Ushuaia por volta das 12:00hs. 9 dias fora de casa, 9 dias viajando e isso era somente a ida. No vídeo me emociono um pouco e agradeço a Deus, a minha esposa pelo apoio, aos meus filhos pela compreensão. Enfim realizo um sonho : chegar à cidade mais ao austral do mundo. A cidade que se considera “o fim do mundo”. Por isso o nome de minha aventura “De KIA até o fim do mundo.

No começo da cidade vejo apenas uma parte dela e imagino que ela é bem menor do que eu pensava. Mas logo depois chego realmente ao ‘centro’ e vejo que ela é sim, uma bela cidade.

Eu a compararia com “Gramado” no Brasil, mas com um adicional : onde você olhar, 360 graus ao seu redor, você vê montanhas cobertas de neve. Além, é claro, do mar em sua frente. Isso a torna simplesmente maravilhosa.

Entro na cidade e dou umas voltas. Saio à procura de um hotel. Nisso subo em direção ao Glaciar Martial, a vista é linda. Íncrivel.

Hotéis você encontra de todo o tipo. Fui num que me pediram apenas 178 dólares por uma diária :-) Mas eu não queria gastar tanto assim apenas para dormir. Achei mais 2 ou 3 bons, na faixa de 180 a 220 pesos. Optei por um ‘hostel’ porem com quarto grande, cama de casal, banheiro, calefação, mesa com cadeiras, wi-fi no quarto, enfim, um hotel muito agradável onde você encontra quartos compartilhados por 40 pesos até esse que eu estou (que é o único que não é compartilhado e que possui banheiro privado) por 180 pesos.

Dei entrada no hotel, banho, descanso um pouco e depois saio a pé (estou à 2 quadras da Avenida San Martin, bem na região central da cidade).

Caminho, conheço várias lojas (tiendas), e confirmo ainda mais o ‘estilo’da cidade com “Gramado”. Muitas lojas, muitos locais para comer, enfim, uma cidade turística.

Janto muito bem no “Bodegon Fueguino”. O frio estava forte. Volto para o hotel e pego uma pequena neve, bem fraca. É como se fosse uma garoa em forma de neve.

Chego no hotel cansado mas muito feliz. Amanhã tenho programado 2 passeios : pela manhã vou conhecer e andar no “Trem do Fim do Mundo” e pela tarde vou fazer um passeio de barco pelo “Canal Beagle”.

Minha aventura começou ! De KIA até o fim do mundo. Cheguei, sem nenhum problema até agora, graças à Deus por isso :-)

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8o Dia

8o Dia : Puerto San Julian -> Rio Grande
13 de Maio de 2008

Novamente acordei cedo – parece coisa de velho né ? :-)

Arrumei minhas coisas e fui para o café do hotel – lembrem-se : o hotel era bom. Mas graças à Deus o café também era bom para os padrões Argentinos. Tinha ‘média-lunas’, então, para mim, basta umas 6 média-lunas que me contento heheheh

Saí de Puerto San Julian por volta das 7:00hs, com vontade de voltar àquela cidade em outra época para conhecê-la melhor.

O ruim é que minha gripe/dor de garganta havia piorado, e bastante. Também, você entra em um estabelecimento (hotel, restaurante, seja o que for) e a calefação está a toda, quente pra caramba, é preciso que você tire o casaco. Logo depois, quando você vai sair, o frio está de rachar. Quem não está acostumado – como  eu – pega um resfriado logo, logo (ou ‘resfrio’ como eles dizem por aqui)

Meu objetivo era tentar ir até Ushuaia… mas eu sabia que seria difícil em função de ter que passar por 4 aduanas/fronteiras (você saí da Argentina, entra no Chile, saí do Chile e entra novamente na Argentina) então pensava em chegar pelo menos em Punta Delgada, cerca de 460 Km de Puerto San Julian.

De Puerto San Julian até Rio Gallegos a paisagem era muito bonita. E o frio também. `

Amanheceu por volta de 8:40hs da manhã com temperatura de 0 grau. No caminho a temperatura tinha baixado para 1 grau e ficou assim um tempo… depois baixou para 0 grau, era a segunda vez na viagem que eu tinha pego uma temperatura tão baixa.

Mas não ficou por isso não… logo depois, às 8:41hs, baixou para -1, puxa, eu não lembro de ter pego -1 andando… mas tinha mais, logo depois, às 8:55hs já estava -2 e ainda tinha mais. :-)

Às 9:35hs a temperatura havia caído para -3 graus. 9:40hs e a temperatua tinha baixado para -4 graus. Era muito frio. Dentro do carro tudo bem, aquecimento ligado, mas lá fora brrrhhhhh

Depois disso a temperatura começou a subir lentamente estabelecendo em torno de 1 a 2 graus.

Cheguei em Rio Gallegos e lá estava frio demais. A temperatura era em torno de 1 a 2 graus, mas o vento era cortante, gelado demais. Queria ter uma idéia de qual era a sensação térmica. Ainda me faltavam cerca de 580 km até Ushuaia, e eu já tinha certeza que não conseguiria chegar lá hoje.

Na saída, peguei novamente um protesto dos ‘petroleiros’. Mas bem quando eu estava chegando eles estavam liberando os carros de passeio. Ufa, que alívio.

Nessas alturas eu já tinha quase decidido parar para dormir em Rio Grande, distante uns 230 Km de Ushuaia pois não queria viajar a noite, e como aqui está escurecendo por volta das 17:30hs-18:00hs, não podia andar muito.

Cheguei na fronteira da Argentina com o Chile e a temperatura estava novamente à -2 graus, mas o vento… caramba…pense num vento frio :-)

Na aduana Argentina tudo tranquilo e rápido. Quando cheguei à aduana chilena demorou um pouco, porém foram bem atenciosos comigo (tiveram paciência) e resolvi tudo rapidamente.

Era cedo quando saí da fronteira com o Chile. Imaginei que conseguiria chegar à Ushuaia. Porém, quando cheguei na Balsa de Punta Delgada, conversei com um senhor que morou em Rio Grande e que conhecia Ushuaia. Perguntei para ele se ele achava que eu poderia chegar até Ushuaia de dia ainda. Ele achou que talvez sim, um pouco de tardezinha.

Porém ele me aconselhou a dormir em Rio Grande e esperar para ir no outro dia, quando tivesse claro, pois segundo ele, as paisagens de Rio Grande até Ushuaia são muito bonitas.

Esperei um bocado de tempo, acho que 1 hora, até fazer a travessia pela balsa e passar o Estreito de Magalhães. Passado para o outro lado, peguei mais uns 30-40 Km de asfalto (acho que foi isso) e depois mais uns 140 Km de ripio. Novamente fronteira do Chile (para sair) e fronteira da Argentina (para entrar). Tudo normal e mais rápido que anteriormente.

Nos 140 Km de ripio bastante animais, bastante aves. Algumas paisagens bonitas. Andando com cuidado, e principalmente, diminuindo a velocidade quando cruzava com outros veículos para as pedras não voarem até o vidro/faróis.

Em Rio Grande bateu um arrependimento de não ter ido até Uhsuaia. Explico : cheguei em Rio Grande por volta das 17:20hs. Seriam mais 230 Km até Ushuaia. Agora, pense numa cidade que não tem hotéis. Tem, mas poucos. Os dois bons estavam lotados. Havia um ‘médio’ que estava lotado também.

Sobrava um velho, feio, e muuuito caro ( 230 pesos ), e um outro mais velho, mais feio, mais sujo por 160 pesos. Caramba, em Puerto San Julian eu havia pago 155 pesos por um excelente hotel.

Andei um bocado e encontrei um ‘hostel’, tipo albergue, quarto pequeno, barulhento, por 130 pesos. Dizem que aqui em Rio Grande, por ter poucos hoteis, eles são caros mesmo.

Como era apenas para dormir, encarei esse hostel mesmo. Saí para comer um lanche (estava cansado, com gripe, dor de garganta) e queria era voltar para o ‘hostel’ e colocar minhas coisas em ordem (fotos, vídeo, relato, etc)

Amanhã nem vou esperar um bom café da manhã… acho que vai ser no máximo torradas com manteiga. Mas vou esperar clarear o dia e vou rumo à Ushuaia.

Minha aventura começa amanhã :-)

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7o Dia

7o Dia : Trelew -> Puerto San Julian
12 de Maio de 2008

O café da manhã do hotel em Trelew não seguiu o padrão 4 estrelas, mas foi um bom café. Acordei cedo e consegui sair ainda antes das 7:00hs.

Como acordei cedo (novamente) decidi que não valia a pena esperar até as 9:00hs para conhecer Gaiman. Deixei para uma outra hora ou outra viagem. Meu objetivo hoje era chegar a Rio Gallegos, mas como eram 1.200 Km achei meio dificil conseguir.

Quanto mais vou ao sul, mais tarde amanhece. Hoje eram quase 8:00hs quando o sol começou a querer aparecer. Não lembro se já escrevi isso, mas em Ushuaia está amanhecendo por volta de 9:00hs (pense como é bom para domir :-) )

No caminho até Comodoro Rivadavia nenhuma atração… quando fui chegando perto de lá, a paisagem começou a mudar. Parecia um deserto. Grandes monte de areia, a estrada ‘cortando’ esses montes, enfim, achei bem legal a paisagem.

Comodoro Rivadavia é a ‘capital’ do petróleo na Argentina, e eu achei legal ver os poços de petróleo na beira da estrada mesmo (veja as fotos e o vídeo de hoje). Muito poços, espalhados por um grande espaço. Não sei à quantos metros está o petróleo, mas achei curioso porque eu só havia visto em filmes :-)

Mais curioso ainda é saber que lá está com falta de petróleo. É mole ??? Fui abastecer num posto (Petrobrás) e tinha uma fila enorme, mas enorme. Quando chegou a minha vez (uns 30 minutos na fila) o frentista me avisou que somente 50 pesos por pessoa. Fiquei espantado e com medo, mas conversei com ele e ele disse que achava que mais para o sul não havia falta de nafta (gasolina).

O bom é que a gasolina estava barata. A normal estava AR$ 1,44 que dá mais ou menos R$ 0,87. Mas a ‘normal/comum’ está em falta na maioria dos postos aqui na Argentina. Mesmo assim, a ‘super’ estava AR$ 1,75 que dá uns R$ 1,05. Já pensou esse preço no Brasil ? Eu viveria viajando :-)

No caminho entre Comodoro Rivadavia, ainda na cidade, ví o primeiro carro com placa do Chile, um “Aveos” da GM. Ah, eu decidi que não iria ‘entrar’ na cidade e conhecer Comodoro pois queria chegar a Rio Gallegos ainda cedo. Porém… :-)

Na saída da cidade, por volta de 11:00hs, um protesto dos taxistas e remisseiros. Falaram que só abririam ao meio-dia. Bom, nada a fazer a não ser esperar. Aproveitei um posto que havia ao lado e abasteci para completar o tanque. Passaram-se uns 40 minutos e abriram. Fiquei feliz, ‘meno male’ como dizem :-)

Mas minha alegria durou pouco, muito pouco. Uns 3 kilometros à frente, no trevo de acesso principal à cidade, os taxistas/remisseros estavam lá. Tudo parado. Não havia polícia, nem imprensa, nem organização na verdade :-O

Alí foi longe… acho que umas 2 horas e meia. Não tinha o que fazer, ninguém entrava e ninguém saía da cidade. A polícia disse que não podia fazer nada porque era uma “Ruta” nacional, teria que vir ordem da justiça.

A espera foi longa, mas longa… nessas alturas já sabia que não conseguiria chegar a Rio Gallegos ainda durante o dia.

Teve uma curiosidade, uma caminhoneta vinha rápido por uma ruazinha do lado, e não viu uma ‘vala’. Caiu com as rodas traseiras na vala. Foi muito curioso(isso está no vídeo de hoje).

De repente ví um remisseiro falando com alguém e pedi se havia permissão para ir a Rio Gallegos, ele disse “aproveite e vai até lá embaixo que tão deixando passar carros particulares, mas somente por 15 minutos”. Me meti entre alguns carros e consegui sair, mas aí já havia decidido que iria dormir em Puerto San Julian, uma pequena cidade de uns 10.000 habitantes a 360 Km de Rio Gallegos e a 790 Km de Trelew, de onde eu saí.

Meu temor maior era não encontrar um hotel legal em Puerto San Julian, e mesmo um bom restaurante, pois é uma cidade pequena segundo me informaram.

Mas tive uma grata surpresa… a cidade é muito bonita, organizada, limpa. Tem bons hotéis (depois falo mais), bons restaurantes, praças, monumentos.

Existe um ‘caça’ da força aérea Argentina num monumento em homenagem aos mortos na Guerra das Malvinas. Existe também uma ‘nao’ (um barco) que, pelo que me foi contado, saiu dali e foi até a Espanha para comemorar os 500 anos do descobrimento da américa. Achei muito bonito o monumento do caça e a nao.

Fiquei num hotel muito legal… talvez o mais bonito que fiquei até agora. Hotel Bahia, se você passar por Puerto San Julian, não deixe de conhecer. Muito legal !!! O dono é muito atencioso e me indicou um restaurante, “Restaurante Naos” logo ao lado do local onde está a ‘nao’.

Muito bom também… comí um ‘salmão rosado’ com ‘papas al crema’. E barato (o salmão aqui é muito barato, e vai barateando mais conforme você vai descendo pro sul).

De tudo, a única coisa que ‘estragou’ o dia foi a gripe que peguei. E a dor de garganta… por causa do frio e do vento gelado, e eu não estava acostumado, peguei uma senhora gripe.

Da janta volto pro hotel, acesso a internet e falo com o pessoal de casa. Tudo em ordem na minha ausência.

Amanhã saio cedo com destino a, pelo menos, Punta Delgada, mas se der vou até o Ushuaia. Vamos ver o que vai acontecer !

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6o Dia

6o Dia : Puerto Pirâmides -> Trelew
11 de Maio de 2008

Na Hospedage não havia café da manhã, e eu nem esperava que houvesse, tamanha a simplicidade da mesma. Eu tinha levado comigo algumas bolachas, barras de cereal, etc. Comi alguma coisa e me preparei para sair.

Eram 8:15 mais ou menos quando eu saí para percorrer a Península Valdez. Minha primeira parada seria a uns 80 Km dali, em Punta Norte.

A estrada é de rípio mas bem boa, larga, plana, quase um asfalto. Dava para andar a 90-100 Km/h sem problemas.

Logo que comecei a andar comecei também a ver belos animais : guanacos, emas, coelhos, ovelhas, cavalos. Uma grande diversidade (veja o vídeo de hoje, está imperdível).

Alguns animais eu consegui fotografar e/ou filmar, mas os coelhos eram muito rápidos :-)

Cheguei na Reserva Faunística Provincial Punta Norte. Tudo deserto, como toda a estrada também. Lá a paisagem é incrível… fazia um vento gelado (mas pense num vento gelado) mas valeu a pena passar frio.

Em Punta Norte, além das paisagens, avistei vários lobos marinhos. Tirei fotos, filmei, perdi meu óculos… ops, é, perdi meu óculos. Havia um ‘binóculo gigante’ e eu precisei tirar o óculos para olhar através dele. Me empolguei tanto que só fui lembrar dos óculos uns 40 Km depois. Foi-se :-)

Tirei umas fotos legais colocando a lente da máquina no binóculo, ficou muito legal (veja as fotos de hoje).

Punta Norte valeu cada KM rodado… eu achei que ontem era o dia onde eu tinha visto mais paisagens bonitas, mas hoje foi fantástico. Ví filhotes de lobos marinhos andando com o pai, vi… bom, depois eu conto :-)

De Punta Norte eu fui até Punta Cantor. Achei que veria elefantes marinhos lá mas não encontrei. Porém um senhor que lá trabalha me falou para ir (a pé) até a ponta de Caleta Valdes (só se chega caminhando) que lá havia alguns elefantes. Pedi se hoje eles estariam lá e ele me garantiu que sim.

Cheguei lá e tinham uns 10 ou 12 ‘lagarteando’ no sol. Eles são enormes; depois ví uma placa onde diz que eles podem chegar a 5m de comprimento. É tamanho pra caramba !

Punta Cantor e Caleta Valdez são locais muito belos… para se visitar com a namorada ou esposa é maravilhos (viu Mari, você não quis vir :-) )

De lá eu iria a Punta Delgada, porém me avisaram que nessa época do ano está fechado pois agora é um local privado – não é mais do governo – e lá funciona um hotel/resort.

Mas eu ainda queria conhecer as Salinas Chica e Grande, e o caminho era o mesmo. Foram mais uns 70 Km até as salinas. Lindas. A Chica, como o nome diz, é a menor, e a Grande é a maior, lógico :-) A Grande está a 42 metros abaixo do nível do mar, e é muito linda. Para mim que nunca tinha visto uma salina, foi muito legal (fotos e vídeos de hoje, ok ?)

Das salinas parti para procurar a Punta Pardelas, que me foi indicada pelo dono da Hospedage. A estrada era estreita, cheia de curvas, bem diferente do rípio que eu havia pego até alí. Mas valeu cada metro :-)

Uma paisagem diferente, com uma formação rochosa adentrando no mar, paredões, enfim, muito bonito. Eu conheço várias praias do Brasil e não conheço nada semelhante.

De lá saí em direção a Trelew. Passei em Puerto Madryn novamente para abastecer e segui viagem. No caminho eu achava que tinha muita neblina, mas depois, no hotel, o atendente me falou que são cinzas do vulcão Chaiten.

Aqui em Trelew, para compensar a noite anterior, escolhi um hotel padrão 4 estrelas, muito bom mesmo. Saí para jantar na “La Estela” e comi um “salmón al rockford”, muito delicioso. Me espantei com o preço. Paguei em dólares. 10 dólares com uma água mineral. É mole ? Um prato delicioso por esse valor… dá vontade de ficar por aqui.

Amanhã não sei ao certo o que vou fazer. Aqui ao lado de Trelew, cerca de 30 Km, tem a cidade de Gaiman, que foi fundada pelos gauleses e dizem ser muito bonita.

A minha idéia inicial era visitar uma (ou duas) colônias de pinguins. Mas eles saíram todos de férias no dia 15 de abril :-) é verdade, dizem que eles ficam lá apenas do dia 15 de setembro à 15 de abril hehehehe. Então como não tem pinguim, talvez eu vá a Gaiman.

Escrevo esse post deitado numa cama confortável… quero dormir bem pois tenho dirigido todo dia. Como não tenho compromisso – e a esposa autorizou – não vou ter pressa de chegar ao Ushuaia.

De qualquer modo eu estou indo… de KIA até o fim do mundo :-)

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4o Dia

4o Dia : Mar del Plata -> Viedma
09 de Maio de 2008

O café da manhã no hotel “Punta Del Este” em Mar del Plata estava muito bom (isso mesmo, o Hotel tem o mesmo nome da cidade Punta Del Este no Uruguai :-) ). Puxa, como esse hotel é legalzinho. Dormi muito bem à noite, acordando somente as 7:30hs. Meu objetivo inicial era ir até Bahia Blanca, mas conversando com o gerente do hotel, ele me indicou ‘esticar’ mais um pouco e ir até Viedma.

Nada de muito interessante no caminho. Passei e entrei em “Três Arroyos” para conhecer a cidade… caramba, que cidade ‘plana’. Eu nunca tinha visto uma cidade plana desse jeito. No início da avenida você olhava e não via o fim dela. Bem interessante.

Como toda cidada argentina (que eu visitei), é uma cidade antiga, com construções bem legais. Parei num posto para abastecer e resolvi fazer um lanche ali mesmo. Também aproveitei para dar uma ‘esguichada’ na Carnival pois estava bem empoeirada.

O pessoal do posto foi muito gentil, me atenderam super-bem, fizeram perguntas e coisas assim. Na verdade onde paro o pessoal fica olhando, também, com um ‘carrinho’ desses e do Brasil, só pode despertar curiosidade mesmo.

De Três Arroyos rumei para Bahia Blanca. No caminho mais ‘protestos’ dos agricultores – acho que já passei por uns 10 até agora. Mas a organização deles é nota 10 :-) Dessa vez a estrada estava fechada, porém uma mulher ia de carro em carro dizendo “Em 5 minutos iremos abrir” e agradecia pela colaboração… sério, tenho isso filmado. Ela ia andando e passava de carro em carro; e realmente não deu 5 minutos e eles abriram a estrada.

Sabe que a Argentina está mudando meus conceitos ? Puxa, tem tanta coisa que eles fazem que o Brasil podia ‘copiar’. Mas muita coisa mesmo, nas estradas, nas cidades, na segurança, na educação. Fui muito bem tratado por todos até aqui – tudo bem, é o 4o dia, mas acho que vai ser assim até o final. E como acabou a polícia corrupta, você anda tranquilo, sem stress.

Bahia Blanca é uma cidade grande, relativamente bonita, mas me parece que não é uma cidade turística – assim como Pato Branco, minha cidade, também não é uma cidade turística :-)

Em Bahia Blanca passei pela KIA… ia parar para ver se a Carnival daqui é igual a minha, mas deixei para a volta… porém a volta era por outro caminho :-(

Novamente a polícia foi muito gentil… o policiamento na Argentina está muito bom, tem polícia por todo o lado e isso me dá segurança.

Uma coisa que me chamou a atenção desde o começo e eu fiquei observando : aqui as ‘rotondas’ (rotatórias) são ‘ao contrário’ do Brasil. Explico : no Brasil, quem está na rotatória tem a preferência, correto ? Aqui não, quem está na rotatória tem que ‘ceder el paso’ ou dar a preferência. Isso serve de alerta pois levei um susto em Resistência e depois de lá comecei a me cuidar.

Cheguei em Viedma as 17:30hs. Ë uma cidade na beira de um rio – Rio Negro – e os Argentinos aproveitam bem as margens dos rios por aqui, tudo com calçadão, bancos, passeios, etc. Viedma é a capital da província de Rio Negro, e o próprio rio faz a divisa entre “Carmen de Patagones” com “Viedma”.

Cidade como as outras, porém me parece ser mais nova que as anteriores. Achei um hotel muito bom, acho que o melhor que fiquei até agora. Móveis novos, wi-fi rápida, banheiro bonito, mesinha com cadeira – isso é muito importante para escrever os posts no meu note :-)

Sai para jantar no restaurante “Capriasca”. Fantástico !!! Comi um “Picada Patagônica”, que é basicamente uma ‘tábua’ com queijo, azeitonas, salame, salmão defumado e tipo uma ‘copa’. Muito bom o restaurante. Recomendo !

Ah, comprei um “Guia Patagônico 2008″, com dicas de todos os locais turísticos da Patagônia. Lugares para se visitar, para comer, hotéis, história das cidades, etc. Acho que minha viagem vai se estender um pouco mais :-)

Detalhe que eu não sabia : o povo argentino janta tarde. Cheguei no restaurante as 20:00hs e estavam apenas começando a arrumar as coisas. Em Resistência eu havia descido para jantar as 19:30hs e o rapaz do hotel falou “Mui temprano” ou seja, muito cedo para jantar, mas em Resistência eu havia apenas feito um lanche.

Em Mar del Plata algo semelhante aconteceu. Saí para jantar numa “Tratoria” muito bonita, porém cheguei lá as 20:00hs e a atendente me falou que começariam a servir apenas ali pelas 20:30-20:45hs. Hoje cheguei a conclusão que, pelo comércio sempre trabalhar até as 20:30-21:00hs, é normal o povo jantar mais tarde (pelo menos nessas cidades que eu passei).

Retornei ao hotel e escrevo esse post enquanto as lembranças estão fresquinhas.

Espero que o café deles seja no mesmo padrão. Amanhã vou até Puerto Madryn. Lá, pelo que pesquisei, tem bastante coisa para se fazer e devo ficar 2 dias por lá (se bem que eu mudo de idéia muito fácil hehehehe)

Por hoje é só. Amanhã conto como foi o café da manhã e minha chegada a Puerto Madryn.

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3o Dia

3o Dia : Buenos Aires -> Mar Del Plata
08 de Maio de 2008

Nem esperei o café da manhã no hotel em Buenos Aires… pelo ‘padrão’ do hotel já imaginei o ‘padrão’ do café… e eu teria que esperar uns 45 minutos para tomar café.

Ao invés disso, voltei à lanchonete onde estava na noite anterior e tomei um café com croissants.

Pronto, podia seguir viagem.

Saí de Buenos Aires por volta das 7:30hs. Como no dia anterior eu tinha andado muito, e como já conhecia Buenos Aires da minha viagem anterior ao Uruguai, decidi ‘ganhar’ um dia indo direto com destino à Bahia Blanca. Depois soube que minha decisão havia sido muito boa :-)

Deixa eu comentar uma coisa : sabe qual a palavra mais ‘estranha’ que aprendi até agora ? Sorbete… você sabe o que é ‘sorbete’ ? Não ? É o ‘canudinho/canudo’ para tomar refrigerante. Eu realmente não sabia… claro que sabia que ‘helado’ é o nosso picolé/sorvete, mas nunca imaginei que ‘sorbete’ fosse canudinho.

No caminho de Buenos Aires até Mar del Plata (que eu iria parar apenas para conhecer a cidade) peguei frio de 4 graus… andei bastante tempo com a temperatura na casa dos 5 graus. Interessante que na região de Posadas estava 31 graus. Mas depois esquentou e viajei o restante do tempo com a temperatura entre 15 a 18 graus.

A estrada de Buenos Aires até Mar del Plata (Autovia 2) é muito boa… pedagiada, mas como já falei, o pedágio aqui é muito barato.

Chegando em Mar del Plata tomei uma decisão : iria ficar aqui hoje e conhecer melhor essa cidade. Linda, diga-se de passagem. Fiz apenas 420 Km hoje, mas valeu muito a pena.

Primeiro porque a cidade é muito bonita, mesclando a parte nova (basicamente a beira-mar) com a parte velha (o ‘centro’ da cidade).

Segundo porque descobri várias ‘atrações’ aqui… colônia de lobos maritímos, aquarium – que estava fechado, uma pena – praias lindas, locais muito bonitos.

Encontrei um hotel bom, com internet, quarto amplo, enfim, muito bom por um preço menor que o de Buenos Aires, apenas AR$ 110,00 com ‘desayno e cochera’ incluso :-) Como eu não dormi muito bem nas noites anteriores, hoje quero dormir muito bem porque ainda tenho muito ‘chão’ pela frente. Eu já estou à uns 2.300 Km longe de casa.

Hoje eu andei bastante… é melhor você olhar as fotos e o vídeo do dia de hoje. Muitos locais legais para se conhecer… eu voltaria para cá sem pensar duas vezes. Veja o vídeo do dia de hoje, é longo mas vale a pena :-)

Ah, e fui no “peatonal” passear. Você não sabe o que é “peatonal” ??? Não acredito :-) É o ‘calçadão’ deles. Fui no San Martin, o maior – ou único ? – da cidade. Muito legal. Dizem que Mar Del Plata é a capital nacional do pulover. Tinha muitas lojas de roupas, muitas mesmo (olhe os preços de algumas coisas nas fotos).

Almocei e jantei no “Manolo”, um excelente restaurante com um ótimo atendimento. Recomendo ! Tem fotos na galeria de fotos, veja.

Ah, tem um cassino ‘provinciano’ muito grande, bonito. Joguei um pouquinho :-) ganhei 75 pesos no final (já pagou a janta) !

Escrevo esse post deitado na cama, cansado pra caramba, mas muito feliz. Já conheci locais que nunca imaginei conhecer, e sei que tem muito mais para mim conhecer :-)

Fotos :

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2o Dia

2o Dia : Resistência -> Buenos Aires, passando por Santa Fé e Paraná
07 de Maio de 2008

O café da manhã no hotel em Resistência era ‘padrão argentino baixo’ hehehe. Como é estranho o costume dos ‘hermanos’ em relação ao café da manhã. Enquanto no Brasil o café da manhã é um atrativo do hotel, aqui na Argentina parece que eles não fazem nenhuma questão de servir um farto café. Mas comi alguma coisinha (coisinha mesmo) e me arrumei para sair.

Eram 6:45h da manhã quando saí de Resistência. Minha idéia inicial era ir até Santa Fé, conhecer o túnel que liga a cidade de Santa Fé e Paraná – túnel esse que passa ‘por baixo’ do Rio Paraná – e depois tocar até Rosário para dormir lá.

De Resistência em diante já se começa a ‘pegar’ as grandes retas… e a gasolina parece-me que vai baixando de preço :-) quem liga para quanto gasta uma Carnival ? ;-)

Novamente a “Gendarmeria Nacional” me pára… pede documentos, verifica tudo e me libera. Nem parece a Argentina que me fez ‘sofrer’ tanto na minha viagem ao Uruguai/Argentina de moto (veja em www.viajantesolitario.com.br). Ofereci 2 canetas de brinde/recuerdo para o policial que me parou e ele me disse “Agradeço, mas não posso aceitar !”. Fiquei pasmo ! A Argentina está voltando a ser um ótimo destino para quem quer viajar de carro, conhecer novos lugares e economizar.

Lembro-me que, ao passar a fronteira de Dionísio Cerqueira com a Argentina, um policial argentino me falou que o governo ‘tirou’ toda a polícia corrupta das rodovias, ficando apenas a “Gendarmeria Nacional”. Parabéns ao governo, e eu espero que continue assim. Até aqui totalizo 5 paradas pela polícia e nenhum pedido de propina – nenhuma complicação, devo salientar.

Vale registrar o preço dos pedágios por aqui. O mais caro até agora foi de AR$ 2,40 mas a média é em torno de AR$ 1,60-1,70. Teve local onde paguei AR$ 0,90 e até um de AR$ 0,50. Se você lembrar que R$ 0,60 compram 1 peso argentino, vai concordar que o pedágio é muito barato. Para efeitos de comparação, de Pato Branco-PR até Curitiba-PR são 430 Km com CINCO pedágios, com valor médio de R$ 6,00 CADA um. Que diferença… isso sem contar que as estradas por aqui são muito boas.

Passei por Santa Fé e Paraná. Almocei em Paraná e achei a cidade linda. Muitas construções antigas mas muita parte ‘nova’ por assim dizer. Paraná fica na beira do rio que leva o mesmo nome. Tem um calçadão (ou ‘peatonal’ como ‘los hermanos’ dizem :-) ) que corre boa parte da beira do rio. A cidade fica mais acima, com muito verde e muitas praças. Gostei muito de Paraná, parece-me ser uma cidade que vale uma visita mais demorada. Mas como meu destino é o “fim do mundo”, tenho pressa em chegar lá. :-)

Voltei à Santa Fé para ir à Rosário pela “Ruta 11″. Muitas retas. Como disse, minha idéia inicial era ir até Rosário e dormir lá, porém quando cheguei não eram nem 17:00hs… pensei “vou até Buenos Aires e ganho um dia”. Meu erro foi não ter seguido a recomendação número UM de todo viajante ‘sem destino’ : chegar na cidade ainda de dia para encontrar hotel com mais facilidade.

Cheguei em Buenos Aires por volta das 19:45hs. E descobri uma solução para os grandes engarrafamentos de São Paulo : buzinar. Isso mesmo, ‘los hermanos’ gostam muito de buzinar. Um engarrafamento enorme e, de tempos em tempos, todo mundo buzinava. Pensei : Isso deve acelerar o engarrafamento :-) Já peguei engarrafamento em São Paulo várias vezes, mas nunca ví tanto ‘buzinaço’ assim. Lembrando dos eventos das ‘paneladas’ chego a conclusão que o povo argentino gosta é de fazer barulho. :-)

Achar um hotel com vaga mereceria um capítulo à parte. Os bons estão custando o ‘olho da cara’ e em dólares : 230 dólares, 145 dólares… mas isso para hotéis que no Brasil (São Paulo) se paga no máximo R$ 150,00 a R$ 200,00 (para uma pessoa).

Os mais simples (alguns muuuuito simples) estão por volta de AR$ 130-140… e tem hotel velho, feio, pedindo de AR$ 300 a AR$ 400 por uma noite. Assim não dá !!!

Resolvi deixar o carro num estacionamento e sair a pé procurando um hotel. Fiquei muito próximo da Av de Mayo com a 9 de Julho, então tinha várias opções na região. Caminhei por mais de 2 horas tentando achar a equação perfeita entre ‘custo e benefício’ mas estava difícil. Depois de procurar muito, achei um hotel razoável, limpo, bem organizado, por apenas AR$ 130 pesos (mesmo assim achei caro).

Dei entrada no hotel com um pensamento : como caminhei por mais de 2 horas e conheci vários locais, e como já conhecia Buenos Aires da minha viagem ao Uruguai, decidi que iria embora já pela manhã para ganhar mais tempo ‘lá no fim do mundo’.

Termino a noite escrevendo esse post numa lanchonete com wi-fi, e com uma boa comida… e o melhor, lanchonete 24 horas, então posso ficar aqui até amanhecer :-)

Amanhã meu objetivo é ir até Bahia Blanca, uma cidade de 300.000 habitantes que fica à uns 850 Km de Buenos Aires. Quero chegar cedo para encontrar um hotel melhor :-)

PS : Algo que me chamou a atenção foram os ‘protestos’ dos agricultores daqui. Pense num pessoal organizado. A polícia sempre estava antes e depois de cada local de protesto, os agricultores todos com ‘coletes refletivos’, faixas, etc, mas ninguém segurando o trânsito – pelo menos até agora. Todos do lado da estrada, fazendo seu protesto com ordem. Peguei 3 ou 4 protestos desses desde Resistência até aqui.

Fotos :

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1o Dia

1° Dia : Pato Branco -> Resistência
06 de Maio de 2008

Eram quase 6 da manhã quando eu sai de Pato Branco. Depois de uma noite (muito) mal dormida – talvez pela ansiedade da viagem :-) – resolvi antecipar meu horário e sair mais cedo.

Cheguei na fronteira do Brasil com Argenina (Dionísio Cerqueira com Bernardo de Irigoyen) as 7:15hs. Trâmites da aduana feitos, esperei um bocado para o comércio abrir pois necessitava comprar o ‘dito’ Kit de 1os Socorros (argentino). Feito isso, troquei alguns reais por pesos argentinos, comprei algumas barras de cereal e ‘rumo ao fim do mundo’ :-)

A estrada até Monte Carlo (AR) é um pouco ruim, cheia de curvas, buracos (nada grave, mas não lembra em nada as retas enormes que a gente vê na Patagônia). Depois de Monte Carlo a coisa começa a melhorar… na região de Posadas então começam as grandes retas… chega a dar sono.

Com a polícia, nenhum problema. Me pararam a primeira vez e só olharam o visto… numa outra parada havia uma blitz, cerca de 6 policiais. Foram educados e gentis, mas deram uma geral em todo o carro. Olharam malas, sacolas, fizeram várias perguntas… mas sempre educados e gentis. Apesar de ter levado cambão, kit de 1os socorros, 2 triãngulos, “fósforo” e tudo o mais, não me pediram nada. Alívio :-)

Tudo certinho, rumei para Resistência, minha primeira parada.

Com a estrada boa, coloquei o piloto automático da Carnival nos 130 Km/h e relaxei… quase relaxei demais :-) tinha horas que o sono pegou.

Passei por Corrientes, uma cidade à beira do Rio Paraná (se não me engano o Rio Paraná ‘recomeça’ na Hidrelétrica Itaipu) e muito bonita às suas margens. Uma bela ponte separa Corrientes e Resistência (e também as províncias de Corrientes e Chaco).

Resistência é a Capital da Província del Chaco. Uma cidade que se orgulha das centenas de ‘esculturas’ que tem espalhada por suas praças (e olha que são várias). Sua população é de mais ou menos 300.000 habitantes, e apesar de ser uma cidade relativamente grande, ela mescla o novo e o velho. É comum ver carroças puxadas por cavalos nas ruas. Mas eu gostei da cidade, achei legal.

Encontrei um hotel antigo mas muito bom, com um ótimo atendimento, limpo, internet wi-fi, café da manhã, ‘cochera’ coberta, enfim, um hotel legal e não tão caro – 160 pesos para uma pessoa, com tudo incluso. Se você calcular que R$ 0,60 vale 1 peso argentino, não é tão caro.

No hotel, notebook ligado e vamos nos comunicar com a família… coloco as novidades em dia e saio para comer alguma coisa.

Na rua do hotel tem vários restaurantes, opto por um café/lanchonete. Comi uma “Hamburguesa” e um “café com leche e média-lunas”. Ah se no Brasil tivesse “média-lunas” assim… excelentes !!!

Uma das coisas que achei interessante foi o horário do comércio. A maioria das lojas abre das 8:00hs as 13:00hs e depois somente das 17:00hs as 21:00hs. Ví uma ou outra loja que abre das 16:00hs às 20:00hs. Pergunto : e quem estuda a noite, trabalha como ? :-)

Retorno para o hotel para escrever esse post… meu objetivo é escrever toda noite para as lembranças estarem fresquinhas.

Não tirei muitas fotos hoje porque não há muito o que fotografar nesse trajeto, e o mesmo vale para o vídeo.

Agora vou descansar… amanhã meu objetivo é ir até Santa Fé, mais ou menos 530 Km daqui.

Fotos :

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